Contemplar

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[ O mar ainda me diz coisas que não entendo. As gaivotas ainda fazem no ar desenhos que não compreendo. As nuvens ainda se transformam em figuras de algodão doce ]. 

Contemplar. Sento-me por aqui faz tempo. Quarenta anos. Primeiro trazida. Mais tarde pelo meu pé num caminho que faço até hoje. Quando a H. durante as formações me dizia que tinha de meditar, ficava assustada. Parecia-me uma coisa enorme. Li nos livros. Falei com pessoas. E fiquei numa frustração ímpar por não ser capaz daquele estado zero. Mais tarde encontrei a [ minha paz ] e percebi que os meus pensamentos, aqueles do mundo real se desligavam naquele momento e que no seu lugar surgia o mundo invisível. Contemplar. Ontem sentada ali, num sítio de sempre, consegui perceber que afinal sempre meditei. Medito na contemplação. Tenho memória de passar horas a olhar o mar. A escutar o mar e a focar a vista nas gaivotas. A interpretar as figuras do doce algodão das nuvens.  Tenho memória de passar tempos infinitos a seguir carreirinhos de formigas. Hoje que tenho todas essas memórias de volta e que me tenho de volta a mim, percebo que faço isso muitas vezes. Contemplar. Borboletas. O movimento dos pássaros. Gatos. O Benjamim no aquário. A dança das árvores. O mar. As gaivotas. As nuvens. O sol. As estrelas. A lua. Sempre a lua. E quando volto, ainda que tenha ido por segundos, volto sempre melhor. Afinal, meditar, também é capaz de ser isto. 

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